domingo, 1 de abril de 2012

Uma reflexão sobre missão

Missão.  Quando se menciona o termo no meio cristão evangélico, liga-se logo a idéia restrita – que analisaremos a sua veracidade – de missão transculturais. Fazer missão, na mente de alguns, é simplesmente e, tão somente, ir para outro continente, país, ou floresta e falar de Cristo, passar fome pela ‘missão’ e se necessário morrer por ela. Isso também é missão, mas não é a definição. Mas, de onde surgiu essa idéia, ou pelo menos essa concepção? Se ela existe é porque tem alguma origem.

A palavra missão na raiz dela significa envio. Corretamente, pode-se dizer que Cristo, na chamada Grande Comissão, aos seus discípulos, lhes envia, lhes delega uma missão “indo e fazendo discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes tudo o que lhes ordenei.” (Mt 24.19-20) Esse conceito de missão – ir a outro lugar, outro continente, outra nação – solidificou-se, e restringiu-se como conceito único, nos séculos XV e XVI, no período, considerado pela historiografia, do colonialismo pelas potências européias. “Os jesuítas foram os primeiros a usar esse termo missão para descrever a difusão da fé cristã entre as pessoas (inclusive protestantes) que não eram membros da igreja romanista.” – Diz Ramachandra, em a Mensagem da Missão. E por este contexto de colonização e exploração, tornou-se um sentido desagradável atrelado a dominação e imposição cultural.

Bom, fiz toda essa introdução para chegar a outro conceito de missão: a missão aqui, agora, integral, contínua. Esquecemo-nos do outro lado – igualmente missão. Aqui, poderia enumerar diversas formas; verdadeira, simples e pura. Mas, meu objetivo nesse momento é chegar uma reflexão sobre a “Missão Estudantil”.

Jesus convocou homens comuns, delegou uma ‘grande’ missão a eles que, antes dEle chegar, só sabiam pescar, coletar impostos, fazer brigas e motins políticos; e agora vão dedicar suas vidas a essa missão, chegando ao ponto de “derramá-las como oferta”, literalmente morrer.

Jesus continua, hoje, chamando e convocando a todos aqueles que agora são novos homens imitadores do novo Adão, são cidadãos celestes. Nós, estudantes, alcançados pela Graça incondicional de Cristo, também somos esses novos cidadãos, também somos convocados a essa missão.

Entendendo que isso é nossa obrigação, como Paulo bem ressalta: “Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa; contudo, como prego por obrigação, estou simplesmente cumprindo uma incumbência a mim confiada.” (1 Co 9.16-17)... e Nosso privilégio... Então, não temos o direito ou opção de permanecermos parados e inertes frente ao desafio e a obrigação. É nossa responsabilidade.

Nosso campo: a universidade ou escola; nosso objetivo no curso: proclamar o Reino e de quebra ganhar um diploma. Missão estudantil não é brincadeira de criança, não é perda de tempo de um bando de estudantes que não têm o que fazer e ficam inventando trabalho para complicar a vida. Cristo é Senhor em todas as áreas da vida humana, inclusive a acadêmica. Redamos a Ele e reconheçamos esse senhorio. Estudante alcançando estudante. Pois, quem melhor do que o cristão estudante, que tem livre acesso a universidade e a escola, conhece o contexto e passa pelos mesmos dilemas, para falar de Cristo ao seu amigo estudante.

Cristo é nossa mensagem. E não pensemos que por ser responsabilidade nossa o pregar que é nosso o fardo ou o resultado. Não. A missão quer seja ela qual for, é primeiramente uma atividade e interesse de Deus. É Deus buscando reconciliar-se consigo, por meio de Cristo, o mundo. Ele é o Senhor da missão e o executor, por meio de nós, dela. Essa é a Missio Dei.



Christopher Vicente
Presidente da Aliança Bíblica Universitária de Natal
Abub.org.br 

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